8 de março. O Dia Internacional das Mulheres. Hoje é aquele dia de reforçar o que ainda precisa mudar. Dia de lembrar daquelas mulheres que revolucionaram o século XIX pedindo direito ao trabalho digno, ao voto, a participação política e ao respeito da sociedade. É uma data de luta, sim.
Como forma de incentivo a esse movimento, hoje vamos contar uma história real de uma mulher empreendedora. Uma BCluber, que veio até o nosso coworking em 2021 e hoje lidera uma equipe, amplia suas metas e ainda trouxe consigo sua própria filha, como menor aprendiz, para conviver nos espaços corporativos, fazer networking e se desenvolver como uma mulher de negócios.
Conheça a história da CEO da Facility Licitações, Gislene Cabrerisso, advogada que empreendeu para conciliar a vida profissional e a maternidade. Foi com a coragem que ela descobriu uma paixão e um talento nato para desafios.
Veja a seguir.
Redação: Como foi o seu caminho até chegar no posto de CEO da Facility?
Gislene Cabrerisso: Eu sou advogada por formação. Trabalhei, advoguei alguns anos, mas hoje meu foco é a empresa. Eu nunca imaginei nada disso. Quando eu era mais nova, fiz a formação técnica em Patologia Clínica, tentei medicina e não consegui passar por um ponto. É aquele momento que a nossa história toma um rumo diferente, a gente planeja uma série de coisas e de repente tudo muda. Depois disso, eu comecei a trabalhar no Instituto de Pesquisa Fiocruz, na área de licitações e contratos, por isso eu decidi fazer direito. Depois da graduação fiquei lá um tempo, fui pra Localiza, trabalhei no escritório de alguns professores que me convidaram, tive meu próprio escritório, atuei na área de licitações… Só que escritório tem um foco muito jurídico e minha ideia era assessorar a empresa como um todo na área de licitações. Por isso, eu decidi separar a Facility e liderar toda uma equipe de licitações.
Redação: Quais foram seus principais desafios durante essa trajetória?
Gislene Cabrerisso: Bom, hoje eu também sou Diretora do Conselho Empresarial da Mulher Empreendedora (CEME), da associação comercial de Minas Gerais, então sou bastante envolvida com esse universo feminino na área de negócios. Infelizmente, ainda existe muito preconceito e muitas barreiras. A mulher, quando chega em determinado local, precisa provar que é capaz. Já passei por algumas situações de descrédito de colegas, juízes, até clientes mesmo. Eu fiz uma reunião esses dias, só com homens, e eles ressaltaram “olha, uma reunião encabeçada por uma mulher, que diferente”. Infelizmente ainda existe isso, a gente sente. Tento preparar muito minha filha, hoje ela é menor aprendiz aqui na Facility, então tento conversar, trabalhar, ensinar isso pra ela. Ainda existe questões de assédio, as pessoas presumem que você está ali disponível para relações que não sejam só relacionadas aos negócios, é complicado. Eu vejo que na turma que estudou comigo, hoje, as pessoas mais bem colocadas no mercado são homens e acredito que isso influencia. As mulheres acabam ficando nos cargos inferiores, acabam precisando se desdobrar mais. No mundo dos negócios foi um desafio o empreender também, aprender, mostrar o que eu posso fazer.
Redação: Como você superou essas barreiras?
Gislene Cabrerisso: Eu gosto de desafio. Esse é o meu perfil profissional. Eu me associei ao Conselho Empresarial da Mulher Empreendedora, que é um projeto muito importante e desafiador, vejo como uma forma de fazer mais mulheres acreditarem no empreendedorismo. Muitas não têm apoio, não acreditam que podem desenvolver um negócio. Então a gente dá essa assistência, agora, por exemplo, estamos criando um grupo para proporcionar networking e desenvolvimento para elas. Tem dias que bate cansaço, não é fácil, mas quando eu chego pra trabalhar, tenho minha equipe, então eu vou com tudo. É uma área que eu amo. Então eu não paro e não vou parar. A mulher não é estimulada, preparada, para isso. Almejar grandes cargos, empreender. A gente é ensinada a viver num piloto automático. Eu busco estimular isso.
Redação: Quais sãos seus planos para o futuro? Onde você quer chegar?
Gislene Cabrerisso: Minha meta é ampliar a Facility. A ideia é expandir para o país todo e tem um projeto também para a América Latina, para empresas de fora participarem de licitações aqui no Brasil. Fora isso, meus objetivos são viajar e correr pelo mundo. Descobri a corrida ano passado e agora é um objetivo meu também. Eu vou participar da maratona de São Paulo, estou treinando para competir nos 10 km. Ontem mesmo estava correndo na Pampulha. (risos)
Redação: Pra você o que é ser uma mulher de negócios?
Gislene Cabrerisso: Acreditar em si mesma e ter coragem. A maioria acredita que não pode, mas tem que ter coragem. Difícil é, você vai errar, vai tentar várias vezes, mas uma hora você se encontra e dá certo. Acho que é isso.
Redação: O que você acha que tornaria o mundo corporativo melhor para as mulheres?
Gislene Cabrerisso: Nossa, isso é tão difícil. Acho que vai ser uma mudança a longo prazo. É uma mudança de pensamento, algo cultural. Precisamos acabar com essa presunção de que a mulher é menos capaz do que o homem. A mulher precisa se impor, ocupar lugares, mas também precisa ser respeitada pelos homens, pelo mercado. Também precisa partir de cima, da política, das lideranças, partir da sociedade, do dia a dia. Muita coisa já melhorou, mas tem muito mais a melhorar ainda. Não é algo que vai acontecer da noite para o dia, precisa de todas as pessoas envolvidas. São passos lentos, mas se a gente puder acelerar, melhor.
Redação: Para fechar, qual mulher de negócios mais inspira você nessa jornada?
Gislene Cabrerisso: Muitas! A Chrys, Head do BClub, é um exemplo de mulher que admiro bastante. Tem uma pessoa também, a Vice-Presidente da Acminas, Alessandra Alkmin, é alguém que eu gosto muito do perfil, do que ela fala, as ideias, a importância e a voz que ela dá para as mulheres. Acho que o trabalho dela é muito importante.
Gostou desse bate papo? Conheça o trabalho da Facility e incentive o trabalho dessa e de outras mulheres empreendedoras que encaram de frente todos esses desafios. Mulheres, assim como a Gislene, vocês podem tudo!
